Projeto Bike SP recebe inscrições para projeto piloto

O pesquisador Fabio Kon, da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador associado do INCT ICoNIoT, está à frente do projeto junto ao pesquisador Ciro Biderman, da FGV Cidades.

Como forma de tornar as cidades mais humanas e saudáveis, o objetivo do projeto é diminuir o uso de carros e motocicletas e fomentar o uso da bicicleta em sinergia com o transporte público. A pesquisa busca avaliar o impacto de incentivos financeiros sobre o comportamento de mobilidade urbana e contribuir para a formulação de políticas públicas baseadas em evidências. A proposta é entender, com método científico e dados reais de quem pedala, se incentivos financeiros são capazes de mudar comportamentos de mobilidade urbana.

O projeto-piloto inédito será sediado na capital paulista, em agosto. Serão oferecidos créditos no Bilhete Único para moradores que usarem a bicicleta em seus deslocamentos diários. O piloto foi desenhado para ajudar a prefeitura a definir questões centrais para a implementação definitiva do programa Bike SP, como o valor ideal a ser pago por quilômetro pedalado e quais perfis sociais devem ser priorizados na política pública. Está prevista a participação de cerca de mil pessoas.

Inscrições

As inscrições para quem desejar participar do piloto do projeto estão abertas, pelo link ime.usp.br/bikesp. É exigida dos participantes a conclusão de um minicurso gratuito e obrigatório sobre segurança no trânsito.

A partir de julho, quando terminarem as inscrições (terminam em meados de julho em data a definir), os participantes selecionados deverão baixar o aplicativo Bike SP (disponível apenas para celulares Android) e registrar seus deslocamentos entre endereços previamente cadastrados. Em agosto, o experimento começa para valer: até duas viagens por dia poderão gerar créditos no Bilhete Único, a serem creditados diretamente no cartão e validados nas máquinas de recarga física já disponíveis em terminais e estações de transporte público.

A ideia é que o projeto contribua para que a cidade de São Paulo siga ampliando sua malha cicloviária. A capital já conta com a maior rede dedicada aos ciclistas do Brasil, com mais de 770 km. A meta é quintuplicar o número de ciclistas nas ruas até 2030, conforme previsto no Plano de Ação Climática do Município de São Paulo 2020-2050.

Além do ICoNIoT, o projeto é também associado ao EcoSustain e ao FGV Cidades, Centro de Inovação em Políticas Públicas Urbanas. A iniciativa envolve pesquisadores do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME-USP) e do FGV Cidades, com apoio da Fapesp, CNPq e da Tembici.

 

Oportunidade: bolsas de pós-doc no INCT ICoNIoT

Até o dia 30 de junho de 2025, o INCT ICoNIoT está recebendo candidaturas para bolsas de pós-doutorado. São oito bolsas a serem implementadas ainda em 2025, com duração de seis meses e valor mensal de R$ 5.200,00.

Para concorrer, os interessados devem submeter:

1) Carta de apresentação incluindo link para o CV Lattes;

2) Projeto de Pesquisa

Os documentos deverão ser colocados na seguinte pasta, na qual também consta o template para o projeto de pesquisa:

https://drive.google.com/drive/folders/1DfTrzUy1Y5qgm9MQiuqjltgeWmhkH6pR?usp=sharing

Após o envio, os candidatos devem enviar e-mail para nfonseca@ic.unicamp com o assunto/subject: Submissão de solicitação de bolsa pós-doc.

Importante

1) Serão priorizados projetos cooperativos entre instituições e projetos que priorizem as tarefas originalmente propostas no projeto – que pode ser encontrado em:

https://drive.google.com/drive/folders/1O_LMM5BXSOX2R6Secb8kZk0ktOg5lwrI?usp=sharing

2) Atuais bolsistas podem se candidatar à chamada de 2025, porém, devem enviar um relatório resumido que demonstre progressos na pesquisa em andamento.

Envie a sua candidatura até 30 de junho!

Simpósio iEDGE com submissão de trabalhos até 1 de agosto

Entre os dias 14 e 17 de outubro de 2025 acontece, na Croácia, o International Symposium on Edge intelligence, Trustworthy and Decentralized Artificial Intelligence (iEDGE 2025), que até o dia 1 de agosto está com submissão de trabalhos aberta.

Na equipe de organização do simpósio, entre os General Chairs está a pesquisadora e professora da UFF Flavia Delicato, coordenadora da linha temática de Internet das Coisas do INCT ICoNIoT. Além dela, há outros pesquisadores do INCT na organização: o pesquisador da UNICAMP Luiz Fernando Bittencourt é um dos Program Chairs e o pesquisador Marcelo Araújo, também da UNICAMP e um dos pós-doutorandos do ICoNIoT, é Publicity Chair do simpósio.

O iEDGE 2025 é um evento internacional que vem se destacando no cenário da área de Edge Computing e ocorre tradicionalmente junto a outros eventos importantes. O encontro é dedicado ao avanço da pesquisa e da inovação na interseção de sistemas de IA confiáveis, descentralizados e distribuídos. As pesquisas discutidas no simpósio têm como motivação comum o fato de que, na medida em que a escala, a complexidade e o impacto social dos sistemas de IA aumentam, torna-se crucial garantir confiança, privacidade, robustez e descentralização.

Pesquisadores do ICoNIoT participam da DCOSS-IoT 2025 na Itália

*Eduardo Cerqueira

Entre os dias 9 e 11 de junho aconteceu em Lucca, na Itália, a IEEE 21st Annual International Conference on Distributed Computing in Smart Systems and the Internet of Things (DCOSS-IoT 2025), contando com a presença de pesquisadores estrangeiros do ICoNIoT.

O Prof. Dr. Marco Di Felice, da Universidade de Bolonha (Itália), ministrou a palestra “Edge Sensing as a Service: Unlocking IoT Virtualization and Decentralized Data Markets”. A apresentação explorou uma abordagem inovadora que modela recursos de computação e sensoriamento IoT, possibilitando o desenvolvimento de aplicações seguras, eficientes e personalizáveis, além de abrir novas oportunidades de monetização.

Já o Prof. Dr. Torsten Braun, também membro do ICoNIoT e professor da Universidade de Bern (Suíça), ministrou a palestra “Distributed Sensing and Machine Learning for Urban Computing”, no 7th International Workshop on Urban Computing (Urbcom 2025), que faz parte da conferência.

*Eduardo Cerqueira é vice-coordenador do INCT ICoNIoT. É professor Associado IV da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará.

Workshop do ICoNIoT reúne pesquisadores em torno das linhas temáticas de trabalho

O workshop presencial aconteceu dia 21 de maio no SBRC, em Natal, Rio Grande do Norte

No dia 21 de abril de 2025, durante o SBRC em Natal, realizamos o workshop presencial anual do INCT ICoNIoT. O encontro teve como objetivo reunir os pesquisadores do instituto, que pertencem a mais de 20 instituições diferentes do Brasil, para apresentarem seus projetos em andamento e discutir ideias de colaboração que possam ser desenvolvidas entre eles. Esse propósito reforça o caráter do INCT de fomentar as parcerias de pesquisa e estreitar essas colaborações, em busca de inovar na área de redes de computadores e internet das coisas.
Na ocasião, o coordenador geral do INCT, Nelson Fonseca, apresentou o site do ICoNIoT e suas redes sociais, convidando os colaboradores a conhecer esses canais e a participar ativamente do conteúdo disseminado. Os pesquisadores Everton Cavalcante (UFRN), Nélio Cacho (UFRN), Flavia Delicato (UFF), Luiz Fernando Bittencourt (UNICAMP), Fábio Kon (USP), Célio Albuquerque (UFF), Edmundo Madeira (UNICAMP), Augusto Venâncio (UFRN) e Alberto Schaeffer (UFRGS) apresentaram projetos relacionados às suas linhas temáticas.
Todas as apresentações podem ser vistas no link abaixo:

Governança da Cibersegurança na Era do 6G: o Desafio das Cidades Inteligentes

Michele Nogueira*

Em breve, as cidades estarão mais conectadas do que nunca. Com a chegada do 6G, não estaremos apenas diante de uma nova geração de redes móveis, mas de uma nova era de integração entre o digital, o físico e o humano. Sensores, veículos autônomos, drones, sistemas médicos e aplicações em realidade estendida funcionarão em tempo real, de forma coordenada — quase orgânica.

Mas, com esse salto, também aumentam as vulnerabilidades. A superfície de ataque cresce na mesma proporção da conectividade. Dados sensíveis circularão por milhões de dispositivos, bordas computacionais e redes autônomas. O risco, antes difuso, torna-se estrutural. E nesse cenário, a governança da cibersegurança deixa de ser um tema técnico e passa a ser uma questão crítica de política pública, infraestrutura e cidadania.

Governar a segurança cibernética em um ambiente 6G é mais do que proteger sistemas. É garantir que as cidades possam inovar com responsabilidade, respeitar direitos e reagir a ameaças com resiliência. Este ensaio propõe uma reflexão sobre essa nova fase, a partir de frameworks já existentes, da evolução tecnológica e dos desafios éticos e sociais que temos pela frente.


1. O que muda com o 6G nas cidades inteligentes?

Se o 5G representa uma revolução — com latência reduzida e alta capacidade de transmissão — o 6G vai além: ele propõe integrar visão computacional, realidade aumentada, comunicações sensoriais e até interfaces neurais. Trata-se de transformar não apenas a velocidade de conexão, mas a própria forma como interagimos com o espaço urbano. Imagine semáforos que sentem o fluxo de pedestres em tempo real e reprogramam os cruzamentos. Ou ambulâncias que navegam pelas ruas guiadas por inteligência artificial coordenada com os semáforos e sensores da cidade. Com o 6G, essas possibilidades deixam de ser ficção. Ao mesmo tempo, cresce a dependência de sistemas hiperconectados, baseados em dispositivos com pouco poder de processamento e segurança frágil. As cidades inteligentes passam a operar como organismos vivos — mas organismos que podem ser atacados, manipulados ou paralisados. O futuro conectado será também, inevitavelmente, um futuro de risco.


2. Quais os novos riscos e vulnerabilidades trazidos pelas redes 6G?

Com o 6G, a promessa é de um mundo onde tudo está conectado — não apenas smartphones e computadores, mas também óculos inteligentes, sensores de movimento, implantes biomédicos e dispositivos que ainda nem foram inventados. Essa hiperconectividade, embora fascinante, também inaugura um novo nível de exposição digital. A superfície de ataque cresce exponencialmente: cada sensor urbano, cada dispositivo de borda e cada aplicativo em tempo real representa um ponto de entrada potencial para cibercriminosos. A complexidade das redes 6G — distribuídas, dinâmicas, autônomas — dificulta ainda mais o monitoramento e a resposta a incidentes.

Os riscos deixam de ser meramente técnicos. Estamos falando da possível interrupção de serviços públicos essenciais, da manipulação de dados sensíveis (como localização em tempo real ou padrões de comportamento) e da violação de privacidade em larga escala. As cidades podem ser alvos de espionagem digital, sabotagens e ataques coordenados com impacto direto na vida dos cidadãos.

Além disso, novas tecnologias como inteligência artificialblockchain e computação quântica não são apenas soluções — também podem ser ferramentas de ataque. Os algoritmos de IA são usados para identificar brechas, automatizar invasões ou burlar sistemas de autenticação. E tudo isso em tempo real, com decisões sendo tomadas em milissegundos. Nesse cenário, as estratégias tradicionais de segurança já não são suficientes. É necessário pensar em camadas de proteção descentralizadas, detecção comportamental baseada em IA e, principalmente, em governança colaborativa, onde a responsabilidade pela cibersegurança é compartilhada entre governos, empresas e cidadãos.


3. Por que a governança da cibersegurança se torna ainda mais crítica com o 6G?

À medida que as tecnologias evoluem e as redes se tornam mais complexas, a segurança não pode mais ser tratada como um acessório técnico. Com o 6G, ela precisa ser pensada desde o início, integrada aos projetos, políticas e decisões que moldam as cidades. É aí que entra a governança da cibersegurança — não como um conjunto de ferramentas ou normas isoladas, mas como um sistema de princípios, processos e responsabilidades que orientam como proteger dados, infraestruturas e pessoas. Em outras palavras: é a engrenagem que articula quem decide, quem executa, quem fiscaliza e quem é protegido.

No contexto do 6G, a governança se torna ainda mais desafiadora porque não existe mais um “centro” único de controle. As decisões são distribuídas: sensores em postes de luz, câmeras em semáforos, aplicativos em celulares, algoritmos em servidores em nuvem — todos interagem em tempo real. A proteção de um depende da integridade do outro. Isso exige alinhamento entre múltiplos atores: governos municipais, operadoras de telecomunicações, desenvolvedores de tecnologia, universidades, startups e a própria população. Cada um tem um papel na prevenção de ataques, no respeito à privacidade e na construção de confiança digital.

A governança também deve ser adaptativa. As ameaças mudam, os sistemas se atualizam e as leis precisam acompanhar esse ritmo. Estruturas rígidas e centralizadas não dão conta da complexidade das redes 6G. Por isso, é fundamental construir mecanismos de auditoria contínua, transparência e participação social.


4. Como frameworks como NIST, ISO/IEC 27001 e COBIT podem se adaptar a esse novo cenário?

Felizmente, não partimos do zero. Há décadas, modelos de governança vêm sendo desenvolvidos para orientar organizações públicas e privadas na gestão da segurança da informação. Os mais consolidados — NIST Cybersecurity FrameworkISO/IEC 27001 e COBIT 2019 — oferecem bases importantes para enfrentarmos os desafios do 6G. Mas será que estão prontos para isso?

NIST CSF 2.0: segurança como estratégia de negócio

A versão mais recente do NIST introduziu uma função essencial: “Governar”, que complementa as já conhecidas etapas de Identificar, Proteger, Detectar, Responder e Recuperar. Essa mudança sinaliza que a cibersegurança deve ser tratada como um risco estratégico, no mesmo nível que finanças, operações ou compliance. No contexto urbano e conectado, o NIST pode ser adaptado para avaliar riscos em tempo real, definir responsabilidades entre atores públicos e privados, e estruturar políticas municipais de segurança cibernética.

ISO/IEC 27001: gestão integrada e foco em privacidade

Essa norma fornece diretrizes para a criação de Sistemas de Gestão da Segurança da Informação. Em ambientes 6G, sua força está na capacidade de formalizar processos contínuos de auditoria, prevenção e resposta, fundamentais para garantir integridade e confidencialidade.

COBIT 2019: alinhamento institucional e governança de ponta a ponta

Voltado à alta administração, o COBIT oferece uma abordagem holística para integrar tecnologia, objetivos estratégicos e processos de controle. No contexto do 6G, ele pode ser usado como ponte entre governança organizacional e gestão de riscos tecnológicos — desde que combinado com abordagens mais técnicas.


5. Como preparar o ecossistema urbano para uma governança que equilibre conectividade, inovação e proteção digital?

Não há uma receita única para cidades inteligentes seguras. Mas há princípios que norteiam qualquer esforço de governança no contexto do 6G: responsabilidade compartilhada, segurança desde o design e foco contínuo na proteção dos direitos digitais.

A primeira mudança é de mentalidade: segurança e inovação não são inimigas. Pelo contrário, a inovação só se sustenta no longo prazo se houver confiança — e confiança nasce da transparência, da previsibilidade e da proteção de dados e serviços. A segunda frente é estrutural. Os governos locais precisam criar comitês permanentes de cibersegurança urbana, integrando especialistas, operadoras, universidades e representantes da sociedade civil. A terceira frente é educacional e cultural. Cidadãos, gestores públicos e profissionais de TI devem ser capacitados sobre boas práticas, riscos emergentes e uso consciente dos dados.

Por fim, é fundamental investir em pesquisa e desenvolvimento. Cidades que liderarem a aplicação de IA na defesa digital, computação segura em bordas e novos modelos de privacidade estarão mais preparadas para enfrentar os riscos emergentes do 6G.


Conclusão

A chegada do 6G representa mais do que uma nova fase da conectividade: representa a transformação completa da infraestrutura urbana digital. As redes invisíveis interligarão tudo — de dispositivos a decisões. Mas essa promessa tecnológica vem acompanhada de desafios reais: ameaças mais sofisticadas, riscos sistêmicos e uma nova geopolítica dos dados. Nesse cenário, a governança da cibersegurança deixa de ser uma recomendação técnica para se tornar uma condição de legitimidade, confiança e sustentabilidade. A proteção de redes precisa caminhar com o respeito aos direitos digitais. Se queremos que nossas cidades se tornem verdadeiramente inteligentes, precisamos garantir que também sejam seguras, justas e humanas. O 6G pode ser o motor dessa evolução — mas só se a governança estiver no centro do caminho.

*Michele Nogueira é Professora Associada do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, pesquisadora 1D do CNPq, coordenadora do projeto CNPq Mulheres de Exatas em Cibersegurança (METIS) e membro do comitê estratégico da IEEE Communications Society. Editora da Coluna Atualidades em Cibersegurança da Revista Horizontes da SBC e membro do INCT ICoNIoT.